Bravo, Patrick!

Quando o ator Patrick Swayze perdeu a batalha para um câncer no pâncreas, contra o qual lutou por 20 meses, os noticiários homenagearam sua memória com imagens de seus filmes mais celebrados: “Dirty Dancing” (EUA, 1987), que o alçou à fama, e “Ghost – Do outro lado da vida” (EUA, 1990), que o consagrou de vez. Já eu sempre me lembrarei dele por meio de um filme muito pouco festejado e quase nunca lembrado em sua filmografia, mas que sempre me toca o coração cada vez que revejo: “Para Wong Foo, obrigado por tudo! Julie Newmar”.

Há quem diga que este road movie transgênero foi uma resposta hollywoodiana ao cult instantâneo “Priscila – Rainha do Deserto”, (Priscila, AUS, 1994), sucesso de público e crítica de um ano antes. Nele, Patrick e os atores John Leguizamo e Wesley Snipes envergam saltos altos, enchimentos, quilos de maquiagem e modelitos esvoaçantes para interpretar três classudas drag queens.

O filme começa com as três decidindo atravessar os Estados Unidos em um conversível com o objetivo de participar de um concurso de beleza numa metrópole. No meio do caminho, porém, o carro quebra em um vilarejo, onde elas são forçadas a passar alguns dias esperando a peça necessária  para o conserto. Claro que o tempo que passam no local muda para sempre a vida daquela comunidade, que aprende muito sobre tolerância, auto estima e sororidade com as novas “amigas”.

A cada vez que revejo o filme volto a me surpreender com a delicadeza e entrega com que os três atores interpretam seus papeis. Acho que é o filme em que Swayze foi mais ator (vamos combinar que, na maioria de suas demais atuações, ele esbanjava mais carisma do que dramaticidade!).

Já na vida real, parece que ele se desincumbiu muito bem de todos os papeis que assumiu. Consta que foi bom amigo, bom pai e bom marido. Permaneceu casado por 34 anos com a mesma mulher, com quem dividiu também a sociedade em uma escola de dança. Não deixou a fama subir à cabeça e soube conciliar com leveza vida pública e privada.

Bravo, Patrick!