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O espaço literário… a coisa mais próxima da vida

Morreste-me. Fazes-me falta. Copo vazio. Um copo de cólera. A morte e o meteoro. Fahrenheit 451. O jardim de cimento. Flores artificiais. As brasas. Vidas secas. O que fazer quando tudo arde? Amor. Guerra e Paz. Festa no covil. Festa do Bode. A festa da insignificância. Viver. A insustentável leveza do ser. Sete anos. Cem anos de solidão. Formas de voltar para casa. Um ano depois.  Certeza do agora. Mulheres de cinzas. Mulheres que correm com os lobos. Mulherzinhas. As meninas. O gigante enterrado. O drible. Outros cantos. Meia noite e vinte. A noite da espera. De mim já nem se lembra. Ruído branco. O ruído do tempo. Espera passar o avião. Enterre seus mortos. Todos os santos. Todos os nomes. Você vai voltar pra mim. Glória. O que ela sussurra. Quando nada está acontecendo. Resta um. A tirania do amor. A um passo. Uma sensação estranha. A fera na selva. Os mortos. Submundo. Tudo é rio. Voltar para casa. Nu, de botas. Entre dois palácios. Desnorteio. Desesterro. A resistência. Enfim, imperatriz. Aos 7 e aos 40. Um, nenhum e cem mil. Eles eram muitos cavalos. É isso um homem? Segredos. Assombrações. Pássaros na boca. Becos da memória. A cidade sitiada. Vivendo sob o fogo. Aprendendo a viver. Nas vertigens do dia. Cadeira de balanço. Bonsai. O silêncio. Flores. O jardim secreto. De verdade. Se deus me chamar não vou. Nem vem. A vida pela frente. Grande sertão. Vida querida.

 

 

  • Este pequeno texto, incluindo o título, é feito apenas e exclusivamente com títulos de livros que têm me ajudado a passar pela vida, que inclui a dor da morte de pessoas queridas, como aconteceu comigo na semana passada, e como tem acontecido com milhares de brasileiros especialmente nesse último ano. Mas que também inclui a beleza da resistência, da solidariedade e da esperança por dias melhores.

Esperança

Hoje, ante o caos social, moral e político instalado no Brasil, tento encontrar algum consolo na esperança de que, no futuro, a história passará a limpo este período; de que escritores e cineastas o retratarão como realmente está acontecendo, como outros livros e filmes já retrataram, antes, os horrores do nazismo e das ditaduras mais sangrentas.

Quando – E SE – isso acontecer, espero que quem aplaude o atual estado de coisas tenha coragem de dizer a seus netos e bisnetos de que lado estavam. Não porque acredite que as novas gerações aprendam com os erros das anteriores – fosse assim, não estaríamos assistindo tanta gente aplaudir o ódio, a xenofobia e a destruição ambiental após inúmeras obras históricas documentarem seus malefícios -, mas porque acredito em redenção. E a desejo para todos que hoje compactuam com o que causa sofrimento a outros.

Espero que os redimidos tenham coragem de explicar a seus entes queridos que padecerem de câncer porque foi errado apoiarem dirigentes que liberavam agrotóxicos em favor de ganhos econômicos para uma minoria; que os desastres ambientais que arrasarem as conquistas de uma vida inteira deve-se à indiferença de sua geração com a questão ambiental; e que contribuíram para o aumento da violência apoiando medidas que intensificam a desigualdade social, fabricante de excluídos – muitos dos quais escolhem tornar-se criminosos por não se importarem em fazer mal a uma sociedade que os ignora e tanto faz morrerem de tiro, fome ou doença que o Poder Público não trata direito, ou irem para uma prisão que não é muito diferente da vida que têm em suas comunidades pobres.

Como meu sábio marido diz, “a evolução é pessoal”. Precisa ser, pois se fosse resultado de processo coletivo, não seria fruto de reflexão e vontade próprias e, assim, não seria consciente – consequentemente nem legítima ou duradoura.

Lanço então minha esperança ao universo, junto com o meu desejo de que algum ensinamento nasça desse caos em que vivemos hoje.

Boa esperança para todos, hoje e sempre (e que ninguém solte a mão de ninguém)!

Amém.

 

Crônica pra consolar gente grande

Balanço os músculos doridos de biribol abrigada numa rede à beira de uma piscina. Após meses (anos?) de perdas e lutos eu e Márcio nos soltamos, gratos, à rede invisível de novos afetos…

Leio ao celular notícias do mundo lá fora… a tristeza de notícias sobre governantes obtusos, o ódio vexatório destilado sobre a memória de um anjo chorado pelo avô encarcerado…

Mas a esperança também me alcança pelas letras de sambas-enredos cantados na maior folia do mundo.
Cantam Marielles, Dandaras, bodes expiatórios e todo o bom-senso.

Vendeu-se o Brasil num palanque da praça
E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça
Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue
E o homem servil verteu lágrimas de sangue”

Penso, afinal, que existe esperança no mundo porque, mais uma vez, os gritos de alerta sobre o absurdo das coisas vêm pela Cultura, que o novo governo quer tanto sufocar.

As histórias “pra ninar gente grande” evocam “a história que a história não conta” nos versos verde-e-rosa de Mangueira, cantados na passarela carioca do samba.

É a manifestação do povo que sustenta a maior festa do mundo… uma porção do povo que convive com exclusões de todos os níveis, imprensada entre fuzis de criminosos (com e sem farda) entregue a poderes paralelos, milícias sem lei…

Há esperança afinal.

E ela também se entranha em mim daqui de nosso oásis rural, com nomes de Márcia, Paula, Adriano, Silvana, Beto, Luís, Tati, Tânia, João Paulo, Mateuses… ecoando amores de mães, pais, irmãos, santos, deuses, Jesus e tudo o mais que rima com afeto.

Penso que enquanto houver voz, amor e amigos sempre haverá esperança.