Precisei de novo… Que droga!
Estava orgulhosa de mim, acreditando que havia aprendido a dominar meus medos, a ser a guerreira que todos me julgam, mas precisei de novo da muleta.
Não a de metal, que ainda ajuda minha perna esquerda a suportar o peso do corpo na troca do passo… a outra… a que usei pela última vez muito antes do acidente de um ano atrás.
Ah… como estava feliz comigo por não ter precisado durante todo o período de recuperação das fraturas!
Achei que estava no controle.
Mas o susto veio de novo, no caminho pro trabalho (de novo), no cruzamento de um semáforo (de novo).
O sinal abriu pra nós, mas a Kombi que vinha na transversal não parou – o motorista não deve ter visto o vermelho (como eu há um ano e pouco) – nem diminuiu. Cresceu rápido para cima do banco do passageiro, onde eu estava, como o carro que me fez voar da moto há 374 dias – devo ter gritado alto, porque minha garganta ficou raspando depois, como que machucada.
Parecia aquele carro de novo.
Habilidoso na direção, o Ma acelerou e jogou nosso carro pra esquerda, invadindo a pista contrária por um segundo e meio, quase batendo nos outros veículos que vinham no sentido inverso. Mas escapou da Kombi e não bateu em ninguém!
Pro meu cérebro, bateu. Foi o acidente de um ano atrás (de novoooo!).
Meu coração disparou igual, mas o pânico foi maior… muito maior do que eu me lembrava. Maior que eu! Maior que todas as certezas que eu vinha construindo dentro de mim. E não segurei…
Ele – o pânico – explodiu de dentro pra fora numa torrente descontrolada de choro, falta de ar e taquicardia.
Chorei na frente dos outros ao chegar à redação (vergonha no nível daqueles sonhos em que nos descobrimos nus em público!).
E cedi à “muleta”… a outra… Ainda tinha em minha gaveta da mesa de trabalho, intocada por todo o último ano.
A pilulinha desceu garganta abaixo com gosto de fracasso. Cedi à p… do ansiolítico após mais de dois anos aguentando minhas dores sem pânico; após um ano exercitando a serenidade.
Mas uma Kombi me desmascarou.
Lições do episódio: não sou guerreira, não domino meus medos e não controlo p… nenhuma!
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